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25 de Abril de 2024

Ladrão se arrepende e devolve dinheiro roubado de advogado: 'Peço que me perdoe'

Publicado por Ylena Luna
há 8 anos

Ladro se arrepende e devolve dinheiro roubado de advogado Peo que me perdoe

“Quem me protege não dorme”. A frase no final do relato feito no Facebook do carioca Eduardo Goldenberg, 42 anos, é o resumo que ele dá para uma curiosa história ocorrida no réveillon, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Depois de ter a carteira furtada no trajeto para a festa de ano-novo na casa de amigos, o advogado foi surpreendido, na terça-feira com um envelope branco, com quase todo o dinheiro que estava no objeto subtraído e uma carta com pedido de desculpas do ladrão.

Ele contou que saiu da casa onde mora, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, para as tradicionais comemorações do ano-novo. Mas fugiu da regra de levar apenas a chave de casa, dinheiro e um documento de identificação. “Nesse último réveillon, sem qualquer razão aparente, saí de casa com a carteira que uso no meu diaadia: cheia de documentos, carteira da OAB, cartões de banco, da seguradora, carteira do plano de saúde, do programa de sócio-torcedor do Flamengo, meus cartões de visita, tudo. E R$ 1.017,00 em dinheiro”, relatou na internet.

Ao chegar à estação Siqueira Campos, em Copacabana, ele sentiu quando alguém colocou a mão no bolso esquerdo da bermuda e levou o item de valor. Não houve tempo para reação, por conta da rapidez do criminoso. “Nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro, dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que interessa”, pensou.

No primeiro dia de 2016, ele recebeu uma mensagem pelo Facebook de uma pessoa que afirmava ter encontrado a carteira dele nas proximidades de onde o advogado havia passado o réveillon. Eduardo Goldenberg conseguiu então recuperar a carteira com os documentos, mas sem o dinheiro e os cartões de visita.

Envelope branco

A surpresa veio na terça-feira, já que ele não havia ido trabalhar na segunda-feira. Segundo o relato dele no Facebook, ao chegar ao escritório, ele se deparou com um envelope branco fechado, sem nada escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro. “Senti que era dinheiro, só no tato. Entrei, já aflito. Tranquei a porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro”.

O ladrão que havia furtado os pertences do advogado ainda deixou um bilhete manuscrito, contando sobre o arrependimento pelo crime. "Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio".

“Soco no estômago”

O empresário contou que o espanto maior foi com a “possibilidade de encontrar pessoas que ainda tem consciência”. “Nós todos somos massacrados o tempo inteiro e temos profunda desesperança na sociedade. Então, uma coisa dessas acontecer é como se fosse um soco no estomago”, relatou.

Ele também explica que sentiu piedade pela pessoa, mesmo diante de um crime. “Fiquei mexido, pensando na situação passada por ele, porque não é fácil fazer o que ele fez. Pensei ainda no tipo de pessoa que poderia ser, uma criança talvez, por conta da letra, por citar o presente para a mãe. (...) Não vou saber nunca quem foi, mas fiquei com pena”, disse. A situação é totalmente inédita para o advogado, que agora se sente “premiado” por ter sido o alvo de um sentimento de arrependimento de outra pessoa. “É um grande prenúncio de coisas boas para o ano”, concluiu.

Fonte: em. Com. Br

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"Comprar uma champanhe pra minha mãe".

É impressionante como o Capital cria desejos de consumo e, por não proporcionar a todos o direito de realizar estes desejos, cria inúmeros atos de furto. Deve ser horrível ver todo o glamour na mídia de pessoas sorrindo, com ceias fartas, com champanhe e cerveja e não ter dinheiro pra tomar um "vinho-sem-vergonha" com a mãe. Um cantor baiano chamado Igor Kannário escreveu uma coisa interessante na música "Desostenta":

"Se o moleque não tem condição
de entrar nesse mundo grã-fino
isso pode virar frustração
e você vai f*der com o pobre menino
Que pra ter um tênis foda
pode até assaltar um playboy,
pois se fica excluído da moda
recebe desprezo e isso lhe dói."

Não justifica furtar para poder consumir o que não pode, mas também não faz sentido a gente fazer de conta que não é cruel privar alguém do mundo do consumo. ;) continuar lendo

Bem-vindo à sociedade da ostentação gerando desnecessários desejos, e quem deseja e não pode ter, fica tentado a pegar de quem tem. continuar lendo

Desejos existem desde que existe o homem, bem como o furto, o roubo, etc.

É comum se desejar (principalmente o que não se tem), e todos desejam algo. Claro que a finalidade da propaganda é aumentar os desejos, mas NADA justifica atitudes erradas.

Seguindo este raciocínio e esta retórica, logo se justificarão os estupros. Pois é um absurdo existirem mulheres bonitas, com roupas sensuais, despertando o desejo de pessoas que são rejeitadas por elas por algum motivo. As pessoas rejeitadas sofrem, é uma crueldade imensa. A TV fomenta este desejo, até mesmo cria um "estereótipo ideal". (Leia este parágrafo em altíssimo tom de sarcasmo)

Vim de lugar humilde de salvador e, como eu, conheço muitas pessoas que nunca tiveram muitas coisas que o "Capital" costumava expôr, e demos outro jeito HONESTO para conseguir aquilo que queríamos, e continuamos na luta... Abraço. continuar lendo

Sim, Eumenis, desejos sempre existiram. Necessidade de realizar estes desejos sempre existiram também, mas veja, por exemplo, uma coisa interessante que Marx fala: "Comer é uma necessidade humana, mas comer com garfo e faca é uma necessidade artificial". Outro exemplo? Se locomover. Se locomover é uma necessidade, mas ter um carro particular - que cabe 5 pessoas e tem só você nele - é uma necessidade artificial.

E o furto, roubo e etc nem sempre existiram. O tempo exato destas coisas foi quando, segundo Rousseau, o primeiro ser humano colocou uma cerca e disse: isto aqui é meu. (Em Origem da Desigualdade Social). Furto e Roubo - diferente do homicídio - são construções sociais.

E sobre o estupro não acho que uma coisa tenha a ver com a outra. O desejo de ter relação sexual está presente na maioria dos seres humanos, mas a ideia de que não vamos resistir a uma mulher bonita que não nos quer é, sobretudo, fruto de uma sociedade machista (vide o livro a Origem da Família, da propriedade privada e do Estado). A necessidade de furtar dinheiro pra tomar uma champanhe com a mãe numa data comemorativa é totalmente diferente da lógica psicológica de um estuprador.

E, assim como você, eu também tive uma vida privada de um monte de coisa e nem por isto parti pra o roubo/furto, mas também eu, mesmo privado de um monte de coisa, tive muitos outros privilégios que muitos amigos meus não tiveram - como a sorte de um lar saudável. A questão é que vivemos numa sociedade onde "ter' é "ser" e a pessoa que não "tem" não é absolutamente nada. Logo, é inocência a gente esperar que alguns não cederão à tentação de buscar atalho para "ser alguém que tem".

Um abraço, meu caro! continuar lendo

Sabemos que a teoria de Rousseau é hipotética, bem como qualquer um que tente falar sobre a origem das sociedades e dos homens. Hobbes discordaria de Rousseau, por exemplo.

Não adentrando no que seria uma necessidade real ou artificial, o caso é que as necessidades, seja lá qual for ela, não justifica, e não faz parecer minimamente aceitável quebrar o "contrato social" (como diria Rousseau).

Uso sua retórica mais uma vez em outro sentido: "a ideia de que não vamos resistir a um produto do capital que não possuímos é, sobretudo, fruto de um pensamento vitimista, com uma grande inversão de valores". Não dizendo, desta vez, que sua frase original está equivocada; pelo contrário, concordo plenamente.

O que é inocente para mim é acreditar realmente que toda ação criminosa é oriunda de necessidades, ou influências externas do "capital", e não da própria vontade (escolha, livre arbítrio) do ser humano e/ou sua sensação que não sera punido (o que já adentramos em outro tópico, bem diferente, inclusive, do texto aqui, rs). Mas acredito que em certos casos, posso admitir que a maioria principalmente nos jovens, isso influencia sim. Mas não justifica, nem torna uma situação aceitável.

Há muitas variáveis a considerar, como você disse, um lar saudável, influências, direcionamentos (in) corretos, etc. Mas passar a mão na cabeça ou tentar justificar seus atos, não irá ajudar, mas pelo contrário; vejo isso como um fomento.

Ao invés de ter movimentos para "vitimizar o bandido", poderia ter movimentos para educar e, inclusive, orientar o quão errado são suas atitudes. Mas, como em palavras de vários bandidos presos que podemos facilmente encontrar em notícias e internet, muitos já aderiram este pensamento que são vítimas e não tem escolha, assim justificam seus crimes.

Abs. continuar lendo

Eu acredito que a ideia de considerar que um abolicionista é um cara que passa a mão na cabeça do delinquente é, sobretudo, uma ideia ideologicamente definida - i.é, a gente sabe de quem parte - e uma equivocada análise.

Dizer que o estado social de um indivíduo explica por que ele delinque é diferente de fazer uma justificativa. Quando trazemos à baila a questão social apresentamos uma análise sociológica da coisa. É claro que eu, por exemplo, defendo as punições. É a questão de uma economia: onde alguém traz benefícios, incentivos; onde prejuízos, sanção.

A questão é que, sim, não podemos passar a mão na cabeça de ninguém, mas também não podemos agir como se tudo dependesse de escolhas pessoais e da vontade. Eu, por exemplo, compreendo que existam mais coisas que influenciam a nossa vida que esta tal "vontade" ou "decisão pessoal". Concordo com Marx quando, no 18 Brumário de Luís Bonaparte, escreveu:

"Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado."

Marx concorda absolutamente aqui com Maquiavel que em suas análises fazia a diferença entre "Virtú" e "Fortuna". Para ele um Estadista deveria contar com a "Virtú", isto é: suas próprias capacidades, seus méritos advindos de seus sucessos, os frutos de seus estudos e etc. Por outro lado isto só não bastava, pois o Estadista tinha que contar com a "Fortuna". Isto é: a sorte, a oportunidade, o acaso, ou, como preferem alguns, o destino.

Eu não fui criado numa família rica, mas tive a sorte de topar, ao longo de minha vida, com muita gente que me deu a mão. Aliei Virtú à Fortuna e estou caminhando. Quantos têm Virtú e não Fortuna? E quantos Fortuna sem Virtú? continuar lendo

Compactuo com muitas ideias abolicionistas, nem todas. E sei que divergimos em ideologia, mas em muitas coisas nós concordamos. Mas não acredito também em ideologias bipartidárias, acredito que qualquer extremo não é saudável. Como diria Drauzio Varella: até água em excesso faz mal.

Tentando responder sua pergunta (apesar de não ter sido essa sua intenção), o caso é que a Fortuna realmente não podemos dispor, mas a Virtú podemos. Podemos praticá-la, persegui-lá. Na verdade, há quem diga que não existe Fortuna, inclusive, esta mesmo pode ser perseguida.

“Não há acaso no governo das coisas humanas, e a fortuna é apenas uma palavra que não tem sentido algum.”
Jacques Bossuet

Abs. continuar lendo

Valeu pelo debate, Eumenis. Divergente, erudito e educado. É assim que tem que ser. Foi um prazer! continuar lendo

O prazer foi meu. O debate, desta forma, sempre acrescenta. continuar lendo

Só tenha a dizer que, se o menino tivesse exemplo dentro de casa, de sua família, de trabalhar e batalhar pelo que deseja, ele JAMAIS, iria pensar em tirar dos outros o que precisaria para si. De onde venho, família simples, humilde porém, extremamente honesta, aprendi que posso ter tudo o que preciso e quero, basta trabalhar e organizar meus gastos, de acordo com meus ganhos, e poderia, ao londo da minha vida, conquistar tudo o que preciso e almejo, dentro de MINHA realidade de vida. continuar lendo

Ao que parece o referido "ladrão" conhecia o advogado, ou pelo menos notou através da carteira que era mesmo advogado e temeu. Se a vitima não fosse um advogado e sim um cidadão comum, o "ladrão" devolveria o dinheiro e pertences? Ou era arrependimento mesmo do furtador? continuar lendo

Caro colega, nem tudo está perdido, ou está, não sei. O que nos resta é acreditar na autenticidade desse ato, pelo menos assim não acreditaremos que a esperança é a ultima que morre. continuar lendo

Temos que acreditar que ainda há bondade nos seres humanos senão é melhor viver longe de tudo! continuar lendo

Bom, em que pese todos os comentários, é bom pensar que ele se arrependeu! Se todo o "bandido" se arrependesse, quem sabe o índice de reincidência criminal fosse ZERO!

Tomara que depois dessa o rapaz possa ter feito a mãe feliz, tomado um banho, para sair de cara limpa! Por mais que crime é crime, um pouco de compaixão não faz mal a ninguém! continuar lendo

[Nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro, dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que interessa”, pensou.]
Duvido que tenha pensado isso rsrs Brincadeira.

Por fim, ainda há esperança. Vivemos numa sociedade que os bens materiais aparecem como forma de preencher o vazio interno que muitos possuem. O mundo capitalista se funda no consumismo, eu sei, mas temos que educar de forma a sempre deixar claro aos nossos jovens que o trabalho e o esforço podem conseguir os objetos que desejam ao mesmo tempo que preenchem com um algo a mais que supera o prazer dos objetos, o prazer de ser útil em sociedade. continuar lendo